Diretor: Yuzuru Tachikawa
Estúdio: Madhouse
País: Japão
Episódios: 12
Duração: 23 min
Gênero: Drama / Mistério / Psicológico




Esta
era a premissa de Death Billiards, um curta da Madhouse para o Anime Mirai
2013. Para quem não conhece o Anime Mirai vale muito a pena dar uma olhada. São
curtas feitos através do projeto Young Animator Training Project, que o governo
japonês instituiu para treinar animadores no país (muitas obras do mundo todo
têm sua animação terceirizada em países onde a mão-de-obra é mais barata, como
Coréia do Norte).
Death
Billiards é um curta bom, que foca mais em montar bons mistérios do que em dar respostas. Tem
várias ideias que são incomuns e uma boa ambientação. Provavelmente teve uma
boa recepção, já que a Madhouse decidiu transformá-lo em um anime de 12
episódios.
Ficaram
o bartender Decim e a atendente de cabelo preto, de nome Chiyuki. A ambientação
é interessante, e mesmo que uma parte considerável do anime se passe dentro de
um cenário só, o clima não esfria. Conforme os episódios vão passando, as cenas
repetidas (como apresentações de regras, cumprimentos, etc) vão sendo
encurtadas e a parte interessante começa mais rápido. Ah, o curta pode ser
considerado um episódio. As pessoas mais atentas vão notar um fanservice em
relação a ele mais pra frente.
O
anime se divide claramente em dois blocos. Sobre qual é melhor há
controvérsias. Os julgamentos, que são os jogos que acontecem entre os mortos.
Ou a parte que envolve os Árbitros, grupo do qual Decim faz parte, e suas
interações. Fica claro desde o começo que eles não são simples humanos. Mas o
que são eles?





Um
adendo: a vida não é justa, então não há motivo para a morte ser. Há muita
imoralidade e amoralidade neste anime. É parte fundamental dele, e é o que mais
gera reflexões sobre a ética de tudo. Death Parade toca em temas pesados.
Normalmente não parte para o gore, não precisa disso para
fazer valer seus pontos, mas há muitos temas delicados aqui que vão abalar as
pessoas mais sensíveis.
E
temos a parte dos Árbitros. Bem, sendo franco, mesmo sendo poucos personagens,
eles são mal desenvolvidos. Não sabemos muito bem de suas motivações. Os
mistérios deles não empolgam tanto, e comparados com os humanos se entregando
ao máximo aos jogos, os Árbitros ficam até tediosos. As explicações sobre como
funciona o julgamento são interessantes e chegam a dar margem a pensamentos
legais. Além de análises posteriores dos julgamentos dos humanos. Mas as
interações entre os árbitros têm a superficialidade que se espera de uma
conversa de bar com um desconhecido ou alguém que se conhece há tanto tempo que
não há mais segredos. Pelo menos os poderes deles são variados. Não aguento mais
carinha-com-poder-de-fogo e carinha-com-poder-de-gelo.
A
animação de Death Billiards era muito boa. A de Death Parade é barata.
Funciona, mas não encanta os olhos. Os personagens são bem animados em suas
expressões corporais e movimentos, mas há várias cenas repetidas. A Madhouse é
um companhia estranha, que produz extremos que vão de animações com qualidade
técnica sensacional a verdadeiras porcarias. Provavelmente Death Parade não
teve um orçamento tão elevado, o que garantiu que ele fique no meio do caminho.
A abertura, em compensação, é muito legal. Cheia de cores piscando, danças,
alegre e empolgante... É o contrário que eu esperaria da abertura deste anime,
e talvez por isto mesmo seja tão boa. Já o encerramento tem mais a ver com o
clima geral da série. Destaque também para o ótimo trabalho de dublagem. Um
trabalho inferior teria tirado muito da graça e perdido muito do impacto.
Ah,
poucas vezes vi um final tão morno. Não é de todo previsível, mas também não
surpreende. Nem parece um final de verdade, só uma pausa para respirar ou
descansar. Não sei se eles esperavam uma segunda temporada, ou só quiseram algo
mais simples. Mas quem espera um grande clímax vai se decepcionar.
Minha
conclusão? Embora eu não ache Death Parade uma perda de tempo, ele está longe
de ser um clássico. Death Billiards, o curta que o precedeu, é muito melhor
como obra isolada. E Death Parade conta a resposta para alguns de seus
mistérios que foram deixados em aberto. Um mistério abre tantas possibilidades,
pode ser tanta coisa ao mesmo tempo. Uma resposta o limita a algo definido.
Vale a pena estragar um ótimo mistério com uma resposta? Bem, isto varia de
pessoa pra pessoa. Eu prefiro um bom mistério, algo que o curta cumpre bem, mas
o anime tem bem menos deles do que eu gostaria. Eu recomendo Death Billiards de
coração aberto. Se quem o assistir vai partir pra Death Parade, vai depender
apenas de sua curiosidade.
Heider Carlos
Eu vi Death Billiards, achei muito bom. Um dos poucos desse projeto de novos animadores que gostei de verdade. Tinha uma ideia bastante original e a cumpriu bem seu papel como episódio isolado.
ResponderExcluirVi depois Death Parade e gostei muito também. Pra mim, mostrou como o ser humano é multi-facetado. A parte dos árbitros é curiosa também, se fazer uma analogia com o judiciário. É humano julgar sem entender motivações para os atos? E a exposição à pressão para julgar, não cria um falso julgamento?
Muitas obras sobre julgamentos são sobre robôs - até quando podemos ir até que seja imoral dar ordens para eles, quando será considerado escravidão, etc. Eu gosto muito deste tipo de scifi, de dilemas morais. Já histórias mágicas ou fantásticas normalmente são derrotar o mal - de preferência com uma espada mágica. Gosto delas também, mas não vou negar que foi refrescante ver o místico usado de maneira tão reflexiva que nem este anime.
ExcluirÉ um anime onde eu posso não concordar com as decisões tomadas, mas entendo porque elas foram tomadas. Isso faz muita diferença. E fico feliz que um tema tão diferente tenha começado com um curta - há sempre muitos animes bons, mas animes reflexivos são raros e costumam se esconder na lista de lançamentos. Pra mim quanto mais deles, melhor ^^ Recomendo que assista, se ainda não viu, Kino no Tabi. É espetacular.