Alternativos: The Future Diary
Ano: 2011
Estúdio: Asread
Diretor: Naoto Hosoda
País: Japão
Episódios: 26
Duração: 24 minutos
Gênero: Ação / Drama / Suspense






O caso de Mirai Nikki (Diário do Futuro) é um tanto quanto similar. Possui uma premissa que, se você for explicar para um amigo não muito acostumado com o universo anime/mangá, pode acabar não sendo levado muito a sério. E é isso que realmente me fisga: como esse tipo de ideia pode se desenrolar em uma história tão interessante e inteligente?
Yukiteru Amano é um jovem muito solitário. Não possui praticamente nenhum amigo e vê a si mesmo como sendo apenas um “observador” daquilo que acontece ao seu redor, sempre evitando qualquer tipo de relacionamento com outras pessoas. Sua solidão é tanta que chega até a criar personagens imaginários com os quais conversa frequentemente: Deus Ex Machina, que diz ser o deus do tempo e espaço, e sua ajudante, Murumuru.
Yukiteru tem o hábito de escrever um diário com o seu celular, narrando tudo o que ocorre a sua volta, e um dia Deus lhe faz uma proposta: participar de um jogo criado por ele, utilizando seu celular. Acreditando que tudo não passa de uma ilusão criada por sua mente, Yukiteru concorda sem muita cerimônia, entregando seu celular a tal da divindade imaginária e o recebendo de volta “preparado”. No dia seguinte, Yukiteru começa a ter o inbox de seu celular bombardeado por mensagens que parecem estar descrevendo o que acontecerá no futuro. Ao testar tal artifício, percebe que as previsões são realmente precisas e que pode tomar vantagem disso.
É claro que a paz dura pouco, e após alguns acontecimentos, Yukiteru finalmente entende que Deus Ex Machina não é uma alucinação e que o jogo ao qual concordou participar é bem mais complicado do que imaginava: é um jogo onde ele e mais 11 portadores de diários do futuro com diferentes “funções” (leia-se, maneiras de se prever o futuro) devem matar uns aos outros para que o sobrevivente ganhe o posto de novo deus do tempo e espaço.
Por sorte, Yukiteru não está sozinho nesta enrascada. Sua colega de classe linda e inteligente, Yuno Gasai, também é uma portadora e se revela como sendo sua stalker, possuindo uma obsessão gigantesca por ele que estava escondida até então, e ela fará de tudo para proteger seu amado até o fim.







O enredo tem uma boa dose de complexidade, mudanças de pontos de vista, sub-tramas que se ligam a história principal e muitas, mas MUITAS reviravoltas. É impressionante a quantidade de revelações e cliff-hangers (quando um episódio acaba já criando expectativas para o próximo) que essa série possui. Personagens que são bons ficam maus, maus se tornam bons, alianças dão certo e errado, traições a afiliações inesperadas, etc. É criada uma verdadeira rede de intrigas que sempre se renova e mantém a série constantemente interessante.
No entanto, nem tudo são flores no enredo de Mirai Nikki. Em alguns segmentos, especialmente em sua segunda metade, surgem muitas coincidências e situações exageradas, o que acaba puxando um pouco a história para baixo. Não é nada que realmente estrague o anime de maneira nenhuma, mas o seu andamento mais ou menos “pé no chão” com toques de sobrenaturalidade tem alguns picos de “personagens overpower com habilidades absurdas” e coisas do tipo.
O visual de Mirai Nikki é agradável e por vezes muito fluido e bem animado, especialmente durante as cenas em que Yuno corta braços, pescoços e estômagos com seu arsenal de machados e facas (sim, o anime tem doses cavalares de violência aqui e ali), além das cenas de ação em geral, no entanto não é muito estável no decorrer da série, com esporádicas e visíveis decaídas. Ás vezes os personagens se tornam menos detalhados ou mesmo desproporcionais de uma cena para outra, o que mostra uma relativa falta de atenção por parte do time de animação.
A trilha sonora possui músicas de fundo muito chamativas e sempre presentes, criando climas de tensão e alívio cômico quando necessário, sem nunca deixar a peteca cair, tendo um caráter mais eletrônico no geral. As aberturas e encerramentos são viciantes, com destaque para “Dead END” (segunda abertura) e “Blood teller” (primeiro encerramento), ambos feitos por Faylan.
No fim das contas, Mirai Nikki é uma agradável surpresa. Mesclando vários elementos como romance, comédia e suspense, este anime é um thriller relativamente complexo e muito bem estruturado, satisfação garantida para quem gosta de histórias que envolvem vários personagens, mortes, ação e, principalmente, MUITAS surpresas ao longo do enredo. Apesar de sua finalização um tanto quanto decepcionante (o anime conseguiu deixar o final ainda mais sem graça do que no mangá), Mirai Nikki é um ótimo anime baseado em uma premissa no mínimo inusitada e que certamente merece uma conferida.
Lucas Funchal
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