Ano: 1999
Diretor: Hajime Kamegaki / Akira Nishizawa
Estúdio: Studio Pierrot
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 40 min
Gênero: Drama / Romance



Este OVA de aproximadamente 40 minutos conta a história de... bem, a quem estamos querendo enganar? Ele não conta história nenhuma e esse é o maior problema da coisa toda: é um enorme tratado sobre o nada levando a lugar algum.
A protagonista chama-se Shiori Fujisaki e está termindo o colegial. Ao que parece nos primeiros minutos, poderia vir a ser uma interessante animação sobre a separação e os dilemas da juventude, ou qualquer coisa do genero que valesse a pena assistir. Pois bem, ledo engano. Em uma combinação inacreditável de fatores, o diretor consegue reunir a futilidade humana elevada a enésima potencia. Pode parecer implicancia minha, mas não é. Para se ter uma idéia de como as coisas funcionam, o OVA gira em torno do dilema de Shiori sobre decidir se está ou não apaixonada. O problema é que a garota simplesmente vive em função disso, 24 horas por dia, sete dias por semana e, como se não bastasse, ela leva apenas 5 meses (período que transcorre todo esse OVA) para tomar tal decisão.
Vivendo em algum ponto entre o autismo e um eterno concurso de "miss", a nossa heroína solta pérolas do tipo "Essa noite eu não posso sair com vocês porque vou estar ocupada pensando sobre o meu futuro". Surreal demais, para não mencionar quando ela desembesta a dar conselhos com a profundidade de uma "top model" internacional. Embora da forma que eu estou colocando possa parecer engraçado (eu, mais do que ninguém, adoro cinema "trash"), não é. É chato, e muito.




Alem disso, não passam desapercebidos os ridículos momentos em que alguém chora. Depois do Daniel Radcliffe no terceiro filme do Harry Potter, eu pensei que jamais veria uma cena de choro mais constrangedora... obviamente estava errado.
A trilha sonora é bem-intencionada, de modo a ficar bem distribuída ao longo da animação (com duas músicas cantadas e um pouquinho de música clássica), mas fraca. Bom, mas isso realmente é uma opinião pessoal. Para quem gosta de j-pops melosas sobre o amor é um prato cheio.
Dá para dizer que os melhores momentos do anime são os que as personagens passam em silêncio. Por uma fração de instante a obra realmente consegue transmitir o fardo que é ser um estudante japonês, ao mesmo tempo em que mostra como isso é incorporado ao dia-a-dia. São realmente momentos reflexivos e interessantes, mas aí alguem abre a boca e voltamos ao nosso fútil e maçante mundinho de açucar.
A idéia da direção também é interessante: mostrar uma história de amor somente pelo ponto de vista das garotas. Não há quase nenhum personagem masculino, sendo eles retratados mais como um ideal sem rosto. Talvez tendo um roteiro, um traço mais bonito e personagens mais cativantes, o anime até poderia ser algo interessante, só que mudar esses pontos significa dizer que, para ficar bom, só fazendo outro.
Não existe uma trama, não existe ligação, não existe coerência, não existe nada. O anime todo é um conjutno de cenas que não possuem muita ligação umas com as outras até o desfecho apoteótico onde, depois de 5 meses vivendo intensamente isso, Shiori decide decidir (!) que talvez esteja apaixonada (!!). A qualidade gráfica da animação é fraca e os personagens são dispensáveis, com exceção da Shiori, que é o maior acúmulo de futilidade que eu já vi na minha vida. Dúvido muito que as colegiais nipônicas sejam realmente como mostrado nesse anime, mas se forem só vagamente semelhantes, então eu estou feliz por ter nascido do outro lado do mundo.
Bem, o que realmente esperar de um anime baseado em um jogo que o diretor se orgulha em afirmar nunca ter jogado? É de se considerar encarar este anime como uma ofensa proposital à inteligência do telespectador, mas não é. Não é nada pessoal contra ninguém, o anime é ruim mesmo. Aliás, corrigindo: MUITO ruim.
Cilon Mello
Nenhum comentário:
Postar um comentário