Diretor: Don Hertzfeldt
Estúdio: Bitter Films
País: EUA
Episódios: 1
Duração: 17 min
Gênero: Drama / Sci-Fi



É difícil comentar um curta tão diferente e complexo sem estragar um pouco a experiência. Praticamente tudo o que eu conto acontece nos primeiros quatro minutos, o que deixa 12 minutos e meio de estranheza e deslumbramento para quem for assistir.
No futuro, é possível as pessoas gestarem um clone delas mesmas e, quando ele nascer, transmitir sua consciência para o novo corpo. É um modo de tentar ser imortal. Emily 3G, a terceira descendente da primeira Emily (que ela chama de Emily Prime) traz ela mesma, três gerações atrás e ainda criança, para seu tempo, a fim de que conversem.
O curta é basicamente a Emily 3G contando para a Emily Prime (com 4 anos de idade) sobre o futuro. E é incrível.
Filmes e animações mais alternativos levam a fama de serem chatos. Muitos são lentos, contemplativos e experimentais demais. "World of Tomorrow" é contemplativo e experimental. E consiste praticamente só de diálogos. A arte é simples ao extremo. Mas consegue ser interessante a cada segundo.



É uma história de ficção científica. Há muita coisa “séria” lá. Se não pela viabilidade, pelo menos nos pensamentos gastos para inseri-las na história. Um exemplo é a viagem no tempo. Se nós voltássemos no tempo para a mesma posição que nos encontrávamos anos atrás, morreríamos asfixiados, pois nosso planeta viaja pelo espaço. Este tipo de detalhe dá mais credibilidade a história. O futuro parece mágico porque nós não entendemos como chegamos lá. Mas ele não é feito para nos ajudar ou nos servir. Ele é indiferente.
Tem uma exibição de arte moderna que eu não sei se eu ia adorar ou desprezar se fosse feita na vida real. É legal demais para que eu estrague contando. Adorei um termo que eles usam (outernet).
E se a dublagem da Emily Prime parece com a de uma criança de verdade, não é coincidência. O diretor simplesmente gravou sua sobrinha de 4 anos brincando, e adaptou o curta ao redor das frases. Já a voz de Emily 3G é da ilustradora Julia Pott. A naturalidade de uma contrasta com a impessoalidade da outra, assim como tantas coisas no filme contrastam entre si.
"World of Tomorrow" foi feito para ser visto mais de uma vez. E de tempos em tempos.
Merece cada um dos 20 prêmios que ganhou até agora. E virão mais, certamente.
Heider Carlos
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