Alternativos: Nanako Katai Shinsho
Ano: 1999
Diretor: Hiroshi Negishi
Estúdio: GENCO
País: Japão
Episódios: 6
Duração: 30 min
Gênero: Comédia / Sci-Fi / Mecha



A própria personagem-título é a prova cabal disso. Suas roupas são exageradamente curtas e os seios exageradamente grandes, e não seria nada estranho se, durante o anime, passasse uma legenda na parte de baixo da tela anunciando Garage Kits da Nanako para vender. Tanto é verdade, e a série força tanto neste aspecto, que acaba caindo mais para o ridículo do que para o sensual. Sem contar que, se a equipe de produção colocasse tanto empenho e determinação na animação do restante quanto colocou na do peito da Nanako, certamente este seria o melhor anime de todos os tempos, graficamente falando. Pessoalmente eu acho que esse tipo de apelo sexual acaba soando muito mais forçado do que engraçado, e menos ainda propriamente sensual. E é uma pena que isso aconteça com muita freqüência (encontrar duas seqüências em que a protagonista apareça trajando duas peças de roupa não é uma tarefa tão fácil quanto parece...), porque o desenho consegue ser bem engraçado quando não está apelando.
Aliás, falando em desenho, a animação é muito fluida e com bom uso de cores, um visual muito vívido. A trilha sonora, se não ajuda, pelo menos não compromete, o que é o mínimo que se espera de uma série OVA, ainda mais quando leva o nome da Pioneer à frente e é realizada pelo estúdio Radix, o mesmo que fez os filmes de Tenchi Muyo. Acrescente a isso um bando de personagens estereotipados (o velho pervertido, a metida a gostosona, a própria Nanako - adolescente chorona) e teríamos um anime absolutamente esquecível (quer dizer, sempre há quem goste do gênero pela milésima vez, tanto é que estão produzindo mais uma série de Ah! Megami-sama, mas falando sério...).
Entretanto, eu disse TERÍAMOS, e isso faz toda a diferença. Existe uma pessoa responsável por impedir que esse anime se tornasse algo absolutamente esquecível, e esse alguém atende pelo nome de Yano Rasputin, o roteirista da coisa toda. Porque o que salva esse anime do lugar-comum absoluto é seu roteiro muito bem bolado. Roteiro esse que adiciona um clima meio surreal à história sem ficar, porém, completamente inverossímil.


Aliens? Monstros mutantes? Ursos pervertidos? É tudo com esse pessoal mesmo!


Por exemplo, na seqüência que abre o anime, é mostrado um militar e um padre discutindo uma conspiração da mais alta seriedade, ao mesmo tempo em que a nossa heroína ateia fogo na cozinha no melhor estilo Papa-Léguas: não tem como não se desarmar. Seqüências como essa, e como a impagável em que ela tenta deixar o avião "mais leve", representam bem o tipo de humor contido nesse anime e que funciona muito bem.
Falando em "funcionar bem", a dupla Nanako-Kyouji até que funciona bem também, mas se é para ver uma adolescente apaixonada ser tratada como gato e sapato, sou muito mais Il Palazzo e Excel, naturalmente.
Outra coisa que ajuda a gostar da Nanako é a sua dublagem. Porque o normal é esperar uma vozinha chatinha e estridente, "à la" Sailor Moon, não é? Pois felizmente o trabalho de Maria Yamamoto é muito adequado. Com um tom de voz mais grave, não dói no ouvido e ainda realça o jeito atrapalhado dela. Para não falar que é muito parecida com a voz da Yumiko Kobayashi (a Poemi, de Puni Puni Poemi), de longe uma das minhas dubladoras favoritas.
Aproveitando que eu falei antes em conspiração, vamos tocar nesse assunto: onde mais se poderia encontrar uma trama envolvendo o Pentágono, a Segunda Guerra Mundial, o Vaticano e uma "maid" adolescente de 16 anos? Apesar das explicações científicas maçantes, a trama é muito bem amarrada e para tudo existe um motivo ou, pelo menos, quando não existe, isto fica bem especificado, deixando a cargo do espectador especular o que pode ter acontecido, sem inventar simplesmente qualquer bobagem sem sentido ou uma coincidência inacreditável, como usualmente acontece. Esse aspecto fez o anime ganhar mais pontos de credibilidade no seu roteiro, no meu ponto de vista..
Alguns mais moralistas talvez se sintam ofendidos com o "plot", que brinca com alguns dogmas bem sérios para muitas pessoas. Se você é realmente uma pessoa que se ofende com esse tipo de coisa, não vai chegar ao final desse anime porque, como já foi dito, a apelação bate forte o tempo todo.
Para concluir, pessoalmente eu acredito que a idéia de fazer um ecchi/comédia montado em um bom "plot" poderia ter sido melhor explorada, mas então volta-se ao inicio desse "review". Porque ANN não é um anime do qual se deva esperar alguma coisa. E o segredo para se gostar desse anime é justamente esse: não esperar nada. Se você não colocar nenhuma expectativa em cima do anime e assistir a ele completamente desarmado, vai se divertir um bocado e, de quebra, ainda fica por dentro de uma boa história. O final não é brilhante, mas convence, e isso já é muito nos dias de hoje! (Felizmente até hoje não se utilizaram do gancho que ficou em aberto para emendar uma continuação, e que continue assim porque não há roteiro que consiga salvar uma possivel segunda parte...).
É uma obra-prima? NÃO!
Mas afinal, quem foi que disse que anime não pode ser só pra assistir e curtir?
Duração: 6 episódios
Diretor: Hiroshi Negishi (de Tenchi Universe)
Cilon Mello
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