Alternativos: Kyashān Sins
Ano: 2008
Diretor: Shigeyasu Yamauchi
Estúdio: Madhouse
País: Japão
Episódios: 24
Duração: 24 min
Gênero: Ficção Científica / Ação / Drama




Embora seja parte da aclamada franquia Casshern, a versão Sins é como uma espécie de reinício para a trama, com alguns personagens análogos, mas em situações completamente distintas. A série descarta a continuidade do original, onde Casshern era um super-herói cibernético que lutava contra o exército de Braiking Boss para salvar o mundo da destruição, sendo neste caso o próprio Casshern o principal responsável pela devastação da Terra. O anti-herói perambula por ambientes inóspitos enfrentando robôs a beira da ruína que apostam sua salvação na destruição do mesmo. Apesar de ouvir de todas as partes que foi o juiz do apocalipse terreno, Casshern perdeu a memória e só se recorda vagamente de seu encontro com Luna. Assim, em sua jornada com destino incerto, o ciborgue estará em busca de respostas em meio a confrontos que se desenrolam sem muitas explicações. Neste meio-tempo, se encontrará também com personagens que irão contribuir para que se lembre de seu passado, seja por desejo de vingança, por histórias que ainda não foram resolvidas, ou por simples acaso do destino. Dentre tantas figuras que aparecem na tela no desenrolar da série, algumas delas se apresentam como parte de um núcleo central, e são elas: Lyuuze, uma ciborgue que surge no primeiro episódio declarando seu ódio a Casshern por ele ter matado Luna; Ohji e Ringo, também ciborgues que se comportam como avô e neta; Friender, um cão robô que se torna uma espécie de companheiro de viagem de Casshern logo no início da trama; Dio e Leda, dois seres extremamente semelhantes ao protagonista que desejam dominar o que sobrou do mundo; e por fim, o melancólico Braiking Boss que, embora aparentemente não interfira nos embates centrais, corrobora para muitos dos acontecimentos de forma por vezes sutil, carregando, assim como Casshern, sua própria cruz por ter colaborado com a situação desesperadora que a Terra se encontra.




Finalizando esta breve análise, cabem algumas considerações, que tangenciam alguns “pecados”, por assim dizer, do anime: muitos dos 24 episódios não acrescentam muito à história central, colaborando mais como passos de aprendizagem para o protagonista. O ponto positivo disto é o crescimento psicológico que se vê em Casshern ao longo da série, que pára de se lamentar e passa a buscar soluções, mas além deste tipo de jornada já ser lugar-comum em tantas outras séries (só pra ficar em algumas, temos Ergo Proxy, Kaiba, Kurozuka, Kino no Tabi, Samurai Champloo, Texhnolyze, Trinity Blood), realmente muitos destes episódios não são tão auto-suficientes a ponto de poderem se descolar da história central, e o anime parece acabar se “arrastando” mais do que deveria até atingir seu ápice. Outro aparente problema é o número extremamente vasto de personagens: se por um lado temos figuras carismáticas e com uma densidade de construção notável, outras tantas passam pelas cenas sem um desenvolvimento adequado, o que acaba prejudicando a edificação do núcleo central. Um exemplo notável disso é o problemático Braiking Boss, responsável por algumas das discussões filosóficas mais importantes da série, mas que tem um fim deplorável devido à má definição de seu papel.
Apesar destes pesares, Casshern Sins no geral é um trabalho que vale ser conferido. É uma reconstrução digna da franquia, com uma direção técnica esplêndida e com um enredo bem nuançado e de profundidade filosófica memorável. A narrativa não esclarece todas suas ambigüidades, deixando uma ponta de dúvida que caberá ao espectador interpretar. Assim, mais importante que saber se a Terra será salva, será que Casshern encontrará sua redenção?
Thales Vilela Lelo
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